Quantas enchentes os gaúchos ainda passarão?; os danos mostram aumento da frequência

Quantas enchentes os gaúchos ainda passarão?; os danos mostram aumento da frequência

Beto Albert (Diário)

Como se comporta um fenômeno que sai do passado e aparece no presente quando um episódio semelhante ocorre? No caso do imaginário coletivo da enchente que assola o Rio Grande do Sul desde o final de abril, a lembrança que mais circula na mídia e as falas são de 1941. Ela, que era considerada a maior do Estado e caiu agora para o segundo lugar, causou estragos em diversas regiões.


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Se esses dois casos forem os parâmetros da memória da população, os gaúchos teriam a sensação de uma nova grande enchente de 80 a 80 anos, intervalo aproximado entre esta, de 2024, e a de 1941. É o que problematiza o professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) João Malaia, especialista em História Pública. Veja abaixo um registro no jornal A Razão, encontrados no Arquivo Público de Santa Maria. Ele foi um dos veículos que publicou matérias sobre a enchente de 83 atrás. 



Seguindo essa linha, se hoje uma pessoa está com 20 anos, provavelmente, não vivenciará uma nova enchente como esta. Aí teria a pegadinha, e a sensação de urgência desapareceria. Malaia chama a atenção para a necessidade de considerar pelo menos nove outros episódios de enchente pelo Estado. Sua pesquisa é em mais de 30 jornais que circulavam no Rio Grande do Sul e no país. Ele destaca as cheias de 1873, 1897, 1899, 1905, 1912, 1914, 1926, 1941, 1959 e 1967. E não são todas, já que pelo menos até 2014, são contabilizadas 96 no Estado, conforme pesquisa de outro professor da UFSM, Cassio Arthur Wollmann, que investigação as mudanças climáticas no campo da geociência.

 
Com todas no horizonte, seria 1 novo episódio a cada 10 anos, e esta frequência pode até acelerar conforme o eventos climáticos que se intensificam. Malaia explica: 

 
– Se pesarmos muito 1941, que aconteceu há 80 anos, a sensação é de que muitas faixas etárias não viveram mais esses episódios na proporção que foram. Quando na verdade, a gente vem vivendo esses eventos extremos consecutivamente. São muitos registros em pouco tempo. Não estou ignorando 1941, e sim, indicando que é necessário olhar para os casos dos outros anos. Foram 10 eventos em 100 anos, ou seja, 1 a cada 10 anos.


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